KEKA WERNECK
DA REDAÇÃO
O “apagão” de novos líderes políticos e o desgaste da imagem do petista Lúdio Cabral contribuíram para o resultado divulgado semana passada, pelo Mark Instituto de Pesquisa e Opinião, distanciando o prefeito de Cuiabá, Mauro Mendes (PSB), com larga vantagem, dos demais possíveis adversários, já antevendo a eleição municipal de 2016.
"Nós temos um apagão nacional de novas lideranças, não só em Cuiabá. A liderança política do Mauro é muito recente. É de três anos porque sem poder você é uma pseudo-liderança", avalia o analista.
Esta é a avaliação do cientista político João Edisom, professor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).
“É compreensível (este resultado), por um conjunto de fatores. O primeiro deles é que nós temos um apagão nacional de novas lideranças, não só em Cuiabá. A liderança política do Mauro é muito recente. É de três anos porque sem poder você é uma pseudo-liderança. Os concorrentes, que subiram com ele no mesmo bojo, Pedro (Taques, governador) e Lúdio estão aonde estão. O Lúdio teve um problema muito sério e não foi o fato de perder para o Mauro e na sequência para o Pedro, mas sim familiar”, diz o professor.
Ele se refere ao formato de programa eleitoral, expondo a família e principalmente, no caso de Lúdio, a esposa, muito intensamente, e na sequência disso, após eleição, se separar, deixando a mulher, com um filho recém-nascido.
"As pessoas comentam assim: esse cara falava tanto na mulher, aquela figura cristalizada ao lado dele, e agora abandona com filho pequeno”, detalha João Edisom sobre a separação que gerou a 'queda' de Lúdio.
“Por mais que a separação seja consensual e amigável, estamos em uma sociedade extremamente moralista. Até a esquerda é moralista no Brasil, preconceituosa. Isso pesa muito. Conversei com muitas pessoas e vejo quase uma unanimidade. As pessoas comentam assim: esse cara falava tanto na mulher, aquela figura cristalizada ao lado dele, e agora abandona com filho pequeno”, detalha o cientista político, reforçando que a autoridade pública é sujeita a todo tipo de julgamento popular, independente da questão ser de foro íntimo.
Na modalidade estimulada na pesquisa, Lúdio tem 14% em intenção de voto.
Em terceiro lugar, com 5% das intenções, aparece João Dorileo Leal (PSDB), que é presidente do Grupo Gazeta de Comunicação. O ex-juiz federal Julier Sebastião (PMDB) e a ex-senadora Serys Slhessarenko empatam com 2% e 1% respectivamente. Não souberam ou não responderam 10%. Votos brancos e nulos somam 13%.
Outro fator que favoreceu Mauro Mendes na pesquisa, conforme o professor João Edisom, é que ele assumiu a Prefeitura após cinco anos de gestão desastrosa.
Ele se refere ao final do mandato de Wilson Santos (deputado estadual tucano, ex-prefeito de Cuiabá), que no final do período, cumpriu somente dois anos, se afastando para sair candidato a governo, deixando no lugar dele Chico Galindo (PTB), que saiu da Prefeitura, com baixa avaliação.
A força do partido, para o professor da UFMT, não interfere significativamente na pesquisa. Isso porque o PSB, que na penúltima eleição fez muitos prefeitos e estava em um auge eleitoral, sofreu o impacto com a morte do então candidato a presidente Eduardo Campos, após a queda do avião, pegando o país de surpresa.
“Com a morte dele, o partido ficou com o corpo forte, sem cabeça. Falo hoje que o PSB é o inverso do PT. O PT não tem corpo e tem cabeça. O PSB tem corpo mas não tem cabeça”, opina.
No entanto, ele cita que o partido socialista tem dois deputados federais em Mato Grosso, Adilton Sachetti e Fábio Garcia, e três estaduais, Oscar Bezerra, Eduardo Botelho e Max Russi – e isso significa também muitos votos associados.
Edisom destaca no entanto que ainda tem muito tempo pela frente e o cenário pode mudar.