De acordo com os auxiliares mais próximos de Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente vai encarar seus últimos dois meses de mandato degustando cada dia, cada hora, cada segundo que lhe resta. Lula não lamenta a certeza da saída. Mas insiste em não pensar nisso. Porque, não pensar, revelou, é a maneira de manter-se no chão. "Sei que um dia a ficha vai cair e aí vou ver que não sou mais o presidente", disse Lula nesta semana num desabafo.
O presidente vive também momentos de profunda emoção. Seus auxiliares o têm visto com os olhos marejados no dia a dia, dentro do avião presidencial, no Palácio da Alvorada. Isso ocorre principalmente depois de cerimônias públicas em que Lula é abraçado pelos ministros mas, de forma especial, quando o carinho vem do público.
As manifestações de saudades do poder, agora com a marca de muita emoção, começaram a aparecer no final do primeiro semestre. Durante visita ao Nordeste, em junho, Lula afirmou que já estava sentindo falta de sua atividade presidencial, embora faltassem ainda seis meses para a despedida. Mas se consolar, disse que não ser mais presidente tem suas vantagens. "Todo ato político que participo agora é o último, já estou com saudade e pensando no que fazer", disse em Aracaju, no dia 10 de junho, ao inaugurar casas populares.
"Vou querer tomar um banho de praia, tomar uma cervejinha sem ninguém encher o saco e dizer que o presidente está bebendo", avisou ele. "Um filho de Deus tem direito de tomar uma geladinha na beira da praia".
O discurso funcionou mais como um desabafo do momento. Lula comunicou a seus auxiliares que imediatamente depois de entregar o poder, pretende voltar para seu apartamento, em São Bernardo.