KEKA WERNECK
DA REDAÇÃO
O analista político João Edisom, professor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), considera o caso Silval Barbosa o maior escândalo da história local, envolvendo um ex-governador de estado, levando em conta que não há informações de outro que tenha ficado foragido da Polícia com mandado de prisão em aberto, muito menos que tenha chegado a ser preso, deixando tantos “rastros de irregularidades”.
Para o professor, “Silval foi eleito o grande vilão das mazelas de Mato Grosso, não apenas da Copa, mas diversas possíveis irregularidades".
Para o professor, “Silval foi eleito o grande vilão das mazelas de Mato Grosso, não apenas da Copa, mas diversas possíveis irregularidades, apesar da gente saber que uma pessoa não governa sozinha, a responsabilidade de uma gestão é uma questão de grupo”.
João Edisom destaca que, além de Silval ter sido preso, cinco de seus ex-secretários já estiveram ou estão presos. Um deles é Éder Moraes, que foi secretário da Casa Civil, Copa e Fazenda. Ele “caiu” na Operação Ararath, desencadeada em 2014 pela Polícia Federal. Está respondendo em liberdade, usando tornozeleira, mas reponde a cinco processos por crimes financeiros. Outros dois nomes estão envolvidos com a Operação Ouro de Tolo, do Grupo de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), que é a polícia do Ministério Público Estadual (MPE), desencadeada em agosto deste ano. Nesta investigação, Roseli Barbosa, que conduzia a pasta da Assistência Social, e Silvio Correa, chefe de gabinete de Silval, são acusados do desvio de R$ 8 milhões dos cofres estaduais. Também foram presos, mas ambos já conseguiram responder o processo do caso em liberdade. Os outros dois secretário de Silval, Pedro Nadaf (Indústria, Comércio, Minas e Energia e Fazenda), e Marcel de Cursi (Fazenda), são alvo da operação factual, a Sodoma, desencadeada na última terça-feira (15) pela Delegacia Fazendária de Mato Grosso (Defaz). Nadaf e Cursi estão detidos no Centro de Custódia de Cuiabá, anexo ao Presídio do Carumbé.
“Silval já foi condenado pela opinião pública, porque algo que tem que ser levado em consideração é que as pessoas ficaram felizes ao receber a notícia de que havia mandado de prisão contra ele”, observa o analista.
“Silval já foi condenado pela opinião pública, porque algo que tem que ser levado em consideração é que as pessoas ficaram felizes ao receber a notícia de que havia mandado de prisão contra ele”, observa.
O professor leva em conta também que no atual momento político a intolerância à corrupção é uma ideia que está ganhando força.
“O apelo atual é pela moralidade na política e um governo que termina a gestão com tantos rastros de irregularidades não vai ter mesmo aceitação popular”, destaca.
Natural de Borrazópolis, no Paraná, Silval veio para Mato Grosso em 1977, na leva de colonização. Instalou-se na região Norte, onde atuou como garimpeiro e empresário, nas cidades de Matupá, Guarantã do Norte, Itaúba, Marcelândia e Novo Mundo. Influenciando o crescimento local, chegou a prefeito de Matupá e a deputado estadual, ocupando a Presidência da Assembleia Legislativa de Mato Grosso, assim como a Primeira Secretaria, sendo eleito vice-governador na chapa de Blairo Maggi, a quem sucedeu em 2010.
Mesmo assim, o analista João Edisom acredita que Silval não tinha perfil para ser governador e quem o alçou a esta condição foi o senador Blairo Maggi (PR), que fez ostensiva campanha para que ele o sucedesse no governo de Mato Grosso. “Esse caso ainda pode respingar em Maggi”, especula.