RAFAEL COSTA
DO REPÓRTERMT
As investigações da Polícia Federal relacionadas à segunda fase da Operação Hermes, deflagrada na quarta-feira (8), indicam que os dois principais empresários do ramo de mineração figuram no topo de compra de mercúrio ilegal, que gerou prejuízo de até R$ 5 bilhões aos cofres do Governo Federal. Trata-se dos empresários Valdiney Mauro de Souza, conhecido como "Rei do Ouro", e Filadelfo dos Reis Dias.
Uma planilha formulada pela Polícia Federal identificou 45 compradores de cinco toneladas de mercúrio ilegal em dois anos. (Veja a lista no final da matéria)
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Em um dos trechos da decisão da juíza da 1ª Vara Federal de Campinas, Raquel Coelho Dal Rio Silveira, é citado que a Polícia Federal considera que os dois empresários utilizam intermediários para a compra de mercúrio ilegal e, recentemente, negociavam a aquisição de um grande volume do produto.
Valdinei teria adquirido mercúrio do grupo investigado através de Edemil Antônio de Pinho, conhecido como ‘Edemil Poconé’, funcionário da Salinas Gold e apontado como principal intermediador do empresário.
As investigações ainda apontam transações com o empresário Arnoldo Veggi, que terminaram na compra de aproximadamente 345kg de mercúrio ilegal.
A PF identificou ordens de pagamento das contas bancárias de Valdiney de Souza e do seu genro, Ronny Costa, para contemplar contas bancárias vinculadas aos vendedores de mercúrio. Segundo a PF, só em agosto de 2021, o “Rei do Ouro” comprou 90kg de mercúrio com emissão de notas fiscais sem a incidência de tributos.
A investigação detalhou ainda que, durante uma conversa, Arnoldo Veggi mandou um áudio para Willian Leite Rondon, no qual cita grandes compradores de mercúrio. No diálogo, ele classifica o empresário Valdiney Mauro de Souza como um ‘garimpeiro pesado’, que tem três mineradoras e que faz aquisições com e sem notas fiscais através de Edemil.
Outro comprador de mercúrio ilegal, segundo as investigações, seria Filadelfo dos Reis Dias. Seu principal representante seria o sobrinho, Brenner Ramos Dias, nas negociações junto a Arnoldo Veggi. Em um dos pagamentos feitos relativos a aquisições do produto, foi utilizada a empresa BG Mining.
O braço mato-grossense da organização criminosa alvo da Operação Hermes II era especializado na distribuição de mercúrio que entrava ilegalmente no país pela fronteira com a Bolívia, vindo da Guatemala. A informação é do delegado de Polícia Federal, Dalton Marinho Vieira Junior, coordenador da operação, deflagrada nessa quarta-feira (08).
Segundo o delegado, empresas geravam créditos falsos de mercúrio no sistema oficial, quando na verdade estavam "esquentando" o elemento químico colocado ilegalmente dentro do território nacional.
Veja a lista das empresas e empresários citados.
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